Título: O Enterro Prematuro e Outros Contos
                                                                                                          Autor(a): Edgar Allan Poe
                        
                                                   Páginas: 140

                                                 Editora: BesouroBox

                                                      Acabamento: Brochura
   


       



     Não é a toa que Edgar Allan Poe é considera um mestre do terror, seu jeito de escrever vos prende dentro da estória, como se fosse você que estivesse a conta-la. Os contos do Mestre não são para qualquer um, basta muita coragem e um coração sem medo para lê-los. Neste livro, temos os quatro principais contos de Poe: O Coração Delator, O Gato Preto, Berenice, O Enterro Prematuro e O Poço e o Pêndulo.
       O Coração Delator: Neste conto, logo no início você já percebe que algo está errado, com o narrador tentando provar para você que ele não é louco. Você se sente como se estivesse em uma sala, frente a frente com o personagem, e ele estivesse contando isso para você olhando fundo em seus olhos. O narrador faz de tudo para fazer você acreditar que a culpa da morte do velho não é dele, e sim do Olho Malígno do velho, que assombrou o nosso narrador por oito noites. São oito noites em que o narrador observava o velho dormir por um buraco na parede do quarto e 13 páginas de você se sentindo nu perante a leitura, como se no lugar do velho, fosse você.
       O Gato Preto: Um pouco menos perturbador que o primeiro, neste conto, você tem a sensação de estar lendo um diário ou uma confissão de um louco assassino, ele escreve na esperança de que em algum futuro, alguém possa ler sobre o que aconteceu, e libertar sua alma de um sofrimento, falando que tudo o que ele passou não era nada fora do normal.
O narrador começa sua estória contando como ele um dia teve uma alma gentil, e de como ele amava os animais de estimação, já teve vários deles, mas o que o marcou e o mudou foi um gato totalmente preto que ele adotou juntamente com a sua esposa. O gato favoritou o nosso narrador, amando ele cada dia mais, o que acabou deixando nosso narrador inquieto e perverso. Ele não aguentava mais o gato sempre atrás de si, e resolveu colocar um fim no felino. Enforcou-o em um terreno ao lado de sua casa, porém na mesma noite do crime, um incêndio acontece em sua casa, e a única coisa que sobra da mesma, é uma parede em formato de gato enforcado. Nosso narrador cria uma estória para si, dizendo que isso não passa de uma coincidência.
O conto se desenrola, até chegar a parte onde o nosso narrador adota outro felino, a única diferença deste para o anterior, é uma mancha branca em sua barriga. Porém, como de esperado, ele começa a criar um ódio pelo felino. Você continua lendo, como se fosse acontecer a mesma coisa que aconteceu com o primeiro. Mas Poe sempre arruma um jeito de surpreender, terminando esse conto de um jeito extraordinário. De fato, uma confissão.
      Berenice: Um conto um pouco mais fraco ao meu ponto de vista, você precisa ter muita atenção, pois pode acabar se perdendo logo no começo. Precisei ler três vezes, pois sempre acabava me perdendo. Na estória você se pega lendo um livro escrito por Egeu, que se considera uma pessoa quieta e sem emoções vindas do coração. Diferente de sua prima Berenice, no qual ele acabou se casando, mas não por amá-la, e sim porque ela o amava demais. Totalmente ao contrario dele, Berenice era uma pessoa cheia de vida, gentil e animada, porém em um certo dia, ela acabou sendo levada por um espírito maligno, que acabou deixando apenas seu corpo cheio de doenças. Egeu ao ver a sua prima que um dia era cheia de vida, ficar totalmente diferente do que fora,acabou desencadeando uma loucura pra si, mas nunca deixou de lado sua meditação. Com um certo medo da Berenice que agora vivera com ele, acabou se isolando todos os dias em sua biblioteca. Um certo dia, na calada da noite, Egeu percebe uma silhueta em meio a penumbra de sua biblioteca, a silhueta era da nova Berenice, algo que ele não conseguia olhar, sem ficar paralisado e com medo. Mas a coisa piorou quando Berenice abriu um sorriso para seu marido, seus dentes extremamente brancos causaram em Egeu um desconforto. Ele nunca mais conseguiria tirar aquele sorriso da mente, ao menos que o tivesse para si. Os dias se passam e Egeu recebe a notícia que Berenice não está mais viva, após o enterro de sua mulher, a impressão que se passa para o leitor é que Egeu entrou em um estado de transe. Vários dias se passam, até que quando se percebe. Egeu finalmente conseguiu obter para si, os dentes tão terrivelmente brancos da nova Berenice.
     O Enterro Prematuro: Diferente dos outros contos encontrados neste livro, n’O Enterro Prematuro, você acompanha o que parece ser um dos medos de Poe: ser enterrado vivo. Ele conta a história de várias pessoas que sofrer do que parece ser a mesma doença que ele, onde o individuo perde as movimentações e seus sinais vitais ficam muito fracos, parecendo estar morto. Ao longo da história Poe conta como algumas pessoas sofreram do ataque desta doença e acabaram por acordar em um caixão, a sete palmos da terra. Passando no final uma imagem de o que ele faria se um dia acontecesse isso com ele. Transmitindo seu medo e sua aflição por este conto, para mim, pareceu mais uma coisa informativa do que um conto em si, mas Poe, mesmo em algo do gênero, nunca deixa o terror de lado, sendo esse, um terror verdadeiro, que muitas pessoas podem passar e você acaba nem se dando conta.
      O Poço e o Pêndulo: Sem duvida, um dos contos mais agonizantes que se encontra neste livro.  Nele acompanhamos os últimos momentos de vida de alguém que foi destinado a sentença de morte. Acordamos junto com ele em algum lugar totalmente escuro, e sentimos realmente o que a escuridão total pode fazer com a mente humana. Em um jogo de descobertas, após dias ou talvez horas, finalmente ele consegue ver o que realmente está em sua volta, assustado por todas as suas previsões estarem errada, sua mente se preocupa mais em arranjar alguma desculpa para tais erros, do que o com o que realmente está acontecendo a sua volta. Preso em o que pode ser um tipo de mesa de madeira, ele observa que em cima dele, à 13 metros de altura, se encontra um pêndulo, com sua ponta que lembra uma navalha, onde por sua vez a cada minuto ou hora que passa está cada vez mais perto do coração do personagem. Quando mais perto o pêndulo, mais rápido a leitura do conto se torna. Com a morte perante aos olhos, o personagem consegue pensar em um jeito de escapar da tão terrível e agonizante morte que vos espera. Porém, a esperança vai tão rápido quanto ela veio, ao perceber que seu sofrimento não acabaria tão cedo ou tão fácil assim.


Neste livro realmente se encontra uma seleção de alguns dos melhores contos de Poe, algo que em minha visão, não se deve faltar na estante de nenhum amante do terror, principalmente para aqueles que gostam de contos. Sempre soube um pouco sobre Edgar Allan Poe, porém nunca tinha parado para ler nenhum de seus contos, algo que agora me arrependo. Nunca deveria ter esperado tanto para ler algo deste mestre, um título que ele leva merecidamente, ao meu ver. 

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